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A equipa de investigação da Professora Cecília Roque desenvolve tecnologia que deteta rapidamente a presença de bactérias em feridas pós-operatórias

12-09-2014

A Crystal Sense, criada por quatro investigadores do Departamento de Química da FCT/UNL, está a desenvolver um produto promissor que irá reduzir a taxa e os efeitos das infeções no pós-operatório. Cecília Roque, líder do grupo de investigação de Engenharia Biomolecular e mentora deste projeto explica que há uma média de 285 milhões de feridas cirúrgicas em todo o mundo; estima-se que haja uma probabilidade de infeção em 10 % das cirurgias.

Os métodos utilizados atualmente na deteção de infeções são geralmente insuficientes para evitar um problema maior. Nem sempre as infeções hospitalares são detetadas uma vez que os sintomas que estas provocam são muito semelhantes aos sintomas causados pela própria cirurgia. Mesmo quando surge uma suspeita de infeção por parte dos médicos e enfermeiros, a olho nu, a confirmação só é obtida após a recolha e envio de amostras e análise laboratorial, tornando o processo moroso; só ao fim de 24 a 48 horas é que é revelado o microrganismo responsável por aquela infeção. A equipa da Crystal Sense, constituída pela Cecília Roque, Ana Margarida Dias, Ana Sofia Pina e Ricardo Branco, idealizou um penso cirúrgico que alerta e deteta, em poucos segundos, a presença de microrganismos na ferida cirúrgica.

O penso que deteta infeções tem por base o desenvolvimento de sensores compostos por materiais biodegradáveis, cujas propriedades elétricas e óticas se modificam quando em contacto com o odor produzido pelos diferentes microrganismos. Os investigadores da Crystal Sense estão a desenvolver um produto que faça a deteção de quatro microrganismos Escherichia coli, Pseudomonas Aeruginosa, Enterococcus faecalis and Staphylococcus aureus. A razão pela qual estes foram escolhidos deve-se ao facto de serem os que provocam com mais frequência infeções nas feridas pós-operatórias.

O primeiro produto só deverá chegar ao mercado dentro de seis anos. Cecília Roque explica que durante os próximos três anos a equipa vai estar dedicada à criação do primeiro produto, a passagem dos resultados obtidos na bancada de laboratório para o penso. Os três anos seguintes serão para enfrentar o grande desafio de obter as certificações do produto, que implicam diversos testes de desempenho e de qualidade.

Esta tecnologia desenvolvida pela Crystal Sense pode ter diferentes aplicações em diferentes áreas. Cecília Roque explica que pode ser usada para apurar de forma fácil as percentagens dos diferentes componentes de um combustível ou para fazer a análise de qualidade de alimentos. Os investigadores acreditam enfrentar e ultrapassar o grau de exigência do setor da saúde será útil para abrir portas de outras indústrias com requisitos de menor complexidade. Ricardo Branco acrescenta que são alternativas que deveremos explorar a médio e longo prazo caso haja interesse no mercado.

 

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