08-06-2022
Os investigadores dos grupos DES.SOLVE e Biocatalysis & Bioenergy da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA descobriram que os Sistemas Eutéticos Profundos, baseados em compostos naturais, podem ser uma melhor alternativa ao atual meio de criopreservação utilizado (DMSO – dimetilsulfóxido) que apresenta toxicidade para as células. A descoberta é agora publicada na Scientific Reports do grupo Nature, uma prestigiada publicação científica revista por pares.
Estes Sistemas são constituídos, sobretudo, por metabolitos primários, tais como açúcares, polióis e aminoácidos, e podem ser encontrados em animais e organismos que vivem em ambientes com amplitudes térmicas extremas entre o verão e o inverno. ““São moléculas de origem natural, o que faz com que os Sistemas Eutéticos Profundos sejam mais biocompatíveis e menos tóxicos”, explica Ana Rita Duarte, professora e investigadora do Departamento de Química, que em conjunto com Alexandre Paiva (professor e investigador do mesmo departamento), lidera esta investigação.
Tendo em conta que o meio atualmente usado para criopreservação apresenta toxicidade para as células, devendo ser removido imediatamente após a descongelação, a nova solução vem trazer uma abordagem completamente disruptiva, com aplicação tanto na área da investigação, como, principalmente, na área da medicina e das terapias celulares.
Doentes oncológicos poderão beneficiar desta nova solução que poderá, ainda, ter aplicabilidade nas células estaminais e, eventualmente, na reprodução medicamente assistida (são precisos estudos de longa duração para perceber se é uma opção viável). Como esta nova alternativa não implica a utilização de equipamento altamente especializado, permitirá chegar a mais pessoas e os tratamentos poderão ser administrados em mais hospitais e clínicas.
Esta nova solução promete operar uma autêntica viragem à escala global, tornando-se uma solução portuguesa para o mundo: “Não só no mercado humano, mas no mercado veterinário, esta solução trará vantagens disruptivas, permitindo chegar a mercados mais distantes e garantir a viabilidade das células sem a toxicidade do DMSO”, conclui Ana Rita Duarte.
Na imprensa
Uma solução portuguesa para mudar o futuro da criopreservação ( Diário de Notícias)
