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Novo método matemático para compreender necessidades ambientais das espécies

27-08-2018

Equipa liderada por investigadores portugueses apresenta novo método matemático para compreender necessidades ambientais das espécies.

No atual cenário de alterações climáticas em curso, torna-se urgente compreender com precisão as relações entre o ambiente e as espécies de forma a planear medidas que possam atenuar os efeitos negativos destas alterações. Uma equipa multidisciplinar, de matemáticos, ecólogos e biólogos, propôs um método matemático que permite explorar e melhor compreender o nicho ecológico das espécies (ou seja, as condições ambientais necessárias para as espécies subsistirem e se reproduzirem). 

O método permite interpretar, à luz da teoria ecológica e de forma simples, as ideias originais do ecólogo anglo-americano G. Evelyn Hutchinson (1903-1991), frequentemente apelidado de "pai da ecologia moderna". Em particular, esta equipa internacional de 10 investigadores, liderada por portugueses, defende que esta nova abordagem permite uma fácil compreensão das relações entre o ambiente e o bem-estar das espécies, apresentando-se por isso como uma metodologia promissora no campo da ecologia.

O Professor Jorge Orestes Cerdeira, da FCT NOVA, coordenador do projeto de investigação, afirma que: “Apesar de existirem diferentes visões do que poderá ser o nicho das espécies, a grande maioria dos modelos baseia-se em extensões estatísticas e matemáticas, com maior ou menor nível de complexidade, da teoria inicial de Hutchinson. Este advogava uma visão simplificada e hierarquizada da relação das espécies com o meio ambiente. Primeiro, um determinado perfil ambiental é adequado ou não para a sobrevivência local da espécie. Segundo, as espécies mostram diferentes desempenhos ecológicos, em ambientes diversificados, pelo que existe uma gradação da adequabilidade ambiental, e a espécie mostra o seu máximo vigor nos ambientes centrais ocupados. Ora, a nossa abordagem segue os preceitos de Hutchinson, centrando-se numa modelação simples dos limites do nicho e com uma medida de centralidade ambiental que permite a discriminação da adequabilidade ambiental das espécies”.

No artigo apresentado na revista científica Methods in Ecology and Evolution, o método foi implementado para um conjunto de espécies vegetais arbóreas (carvalhos, sobreiro e azinheira), que dominaram grande parte da floresta primária Europeia tendo, portanto, um elevado valor biogeográfico e um papel relevante a desempenhar no desenho de florestas nativas, mais resistentes aos fogos florestais. O Doutor Tiago Monteiro-Henriques, investigador no Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB - UTAD) e no Global Change and Conservation Lab (da Universidade de Helsínquia) refere que: “os resultados do método são facilmente interpretáveis e os mapas de adequabilidade produzidos pelo mesmo incorporam e espelham muito bem o conhecimento dos peritos relativamente a estas espécies". A Professora Maria João Martins, um dos elementos da equipa do Centro de Estudos Florestais (do Instituto Superior de Agronomia, Univ. de Lisboa), acrescenta que: “o contributo deste modelo para o entendimento dos limites adaptativos das espécies é especialmente importante num contexto de alterações climáticas, onde a dinâmica ambiental contínua implica avaliações frequentes do vigor das espécies nos locais onde ocorrem presentemente e, mais importante, nos locais onde poderão ocorrer num futuro próximo, caso o padrão ambiental se torne adequado para a sua sobrevivência”. 

 Leia o artigo aqui.